Famílias de comunidades ribeirinhas localizadas em Porto Velho iniciaram, na última semana, a reconstrução e reorganização de suas vidas após a cheia do rio Madeira. A lama que invadiu casas, plantações mortas e falta de água potável são alguns dos muitos rastros deixados pelo fenômeno climático.
“A vontade foi de mais de chorar. Quando eu vi o desespero, não foi fácil não, perdemos tudo. Todo o meu sustento sai daqui [plantação], daqui que eu pago as minhas contas. Acredito que para recomeçar tudo de novo, terei que gastar uns seis mil reais”.
A fala é de Acrivaldo Olímpio, produtor de milho, melancia e banana. Sua propriedade ficou submersa por quase dois meses pela água do Madeira e, durante esse período, todo o investimento feito pelo agricultor foi perdido.
🔎Em abril de 2025, o rio Madeira chegou a 16,77 metros (menos de 30 centímetros da cota de inundação) e afetou a rotina de cerca de 11 mil pessoas que moram em 30 comunidades ribeirinhas ao longo do rio Madeira. Depois de quase dois meses acima da média esperada para o período, o nível recua gradualmente, de acordo com dados do Serviço Geológico Brasileiro (SGB)
A comunidade Boca do Jamari, distante cerca de 60 km da área urbana de Porto Velho, foi uma das mais afetadas. Após a vazão do rio diminuir, produtores rurais ribeirinhos, que vivem exclusivamente da plantação de banana, perderam grande parte da produção, pois as árvores ficaram submersas por muito tempo.
Anivaldo Gomes é um dos produtores que tenta salvar o que restou do seu sustento após a cheia. O agricultor se divide entre o trabalho na capital e a reestruturação da casa. A lama cobriu parte da sua propriedade e atingiu a plantação de banana.
“Pra conseguir sustentar minha família e pagar as contas, estamos tendo que comprar as poucas bananas que restaram de alguns agricultores pra gente poder vender lá na rua [cidade]”, relata.
Ao ser questionado sobre o sentimento em ver a plantação de banana toda destruída, ele responde, entre lágrimas:
— Não sei o que falar não, minha mão fala tudo, já.