A mobilização da bancada federal de Rondônia promete reacender a discussão sobre os termos da concessão da BR-364, no trecho entre Vilhena e Porto Velho, já formalizada com o consórcio vencedor do processo de privatização. A principal reivindicação é a duplicação total da rodovia e a redução nos valores dos pedágios, considerados excessivos para os padrões nacionais.
Mesmo com o contrato já assinado e em fase de implementação, a pressão política ganhou força após a divulgação dos detalhes do projeto, que prevê apenas pouco mais de 100 quilômetros de duplicação e a instalação de sete praças de pedágio ao longo da rodovia federal – uma a cada 100 quilômetros –, com tarifas que poderão figurar entre as mais caras do país para trechos semelhantes.
Nesta segunda-feira (19), duas audiências públicas estão marcadas: uma em Ji-Paraná pela manhã e outra em Vilhena à tarde. Desta vez, diferentemente das primeiras audiências organizadas pela ANTT e praticamente ocultas em publicações do Diário Oficial, as novas reuniões foram amplamente divulgadas, com a expectativa de forte participação popular e da classe política.
A insatisfação se espalhou rapidamente entre autoridades e a sociedade civil. Todos os oito deputados federais e os senadores Marcos Rogério e Jaime Bagattoli estão empenhados em alterar pontos cruciais do contrato, embora o senador Confúcio Moura tenha se posicionado favoravelmente ao projeto original.
Entre os principais argumentos da bancada está o impacto econômico que os altos pedágios podem causar, especialmente no transporte de cargas, vital para a economia do estado. Há estimativas de que um caminhão de grande porte poderá pagar mais de R$ 2 mil numa viagem de ida e volta entre Porto Velho e Vilhena.
A sensação de que o processo foi conduzido sem ampla consulta pública também gerou revolta. As primeiras audiências foram mal divulgadas e com baixa participação, o que, segundo parlamentares e entidades locais, permitiu que um projeto lesivo aos interesses de Rondônia avançasse praticamente sem resistência.
Apesar do cenário desfavorável, os parlamentares acreditam que ainda há tempo para mudar o jogo. “Não se trata de romper o contrato, mas de ajustá-lo para que ele seja justo com quem vive aqui e depende dessa rodovia todos os dias”, declarou um dos parlamentares.
A BR-364 é conhecida como “Rodovia da Morte” devido ao alto número de acidentes, muitos deles fatais. Para a população rondoniense, a duplicação total da via não é um luxo, mas uma necessidade urgente. E agora, com a possibilidade de tarifas elevadas, o debate sobre a concessão ganhou um novo fôlego.
A expectativa é que as audiências desta segunda-feira sirvam como catalisador de mudanças, pressionando o governo federal e a ANTT a reverem os termos da concessão e garantirem uma solução mais equilibrada e segura para todos os rondonienses.